Mas aí então, você poderia...
Lamber este lóbulo de orelha
Acariciar com seus lábios este pescoço
onde o cabelo rubro está preso entre os seus dedos
Então, você poderia, alcançar com a língua
o arrepio da pelagem branca e fina, que parece neve
sobre a pele rósea do maxilar.
Poderia sentir o perfume doce próprio dessa pele
que não depende de banho, nem de àguas de cheiro
apenas da natureza, do existir, e do minúsculo espaço
entre o seu olfato e o meu tato.
Poderia roçar os dedos pela parte mais bonita deste corpo
as clavícolas. Onde a pele macia torna-se mais macia
e brilha, de um jeito que só a meia luz sabe fazer.
Poderia beijar estes lábios. Não, não só estes
mas aqueles.
Poderia olhar este corpo pequeno, debruçado sobre
amarrotados leçóis, de joelhos dobrados, como costumeiramente
lembrando a sereia dos desenhos, a Vênus das pinturas
No contraste entre a luz e a sombra, os pudores levemente
camuflados, delicadamente à mostra.
Poderia notar, que cabelos bagunçados, espalhados por
onde eu esteja com a cabeça, serão belos, como diz uma amiga "perfeitamente desarrumados", pois tudo o que é bom na vida
descabela.
Poderia reparar que mesmo no suor existe um cheiro
atraente, sensualmente atraente, que impregna no nariz, e nos chama para sentí-lo novamente. Por mais que eu me sentí-se suada, por mais que quisesse uma àgua, algo me puxava de volta, e me prendia, o pertencer àquele momento, me impedia de querer estancá-lo, e me envolvia em seu abraço, mesmo com medo deste cheiro não agradar-lhe.
Poderia ensinar-me, que a perfeição não existe, nem em você nem em mim, mas que a alcançava-mos, quando nossos dedos cruzavam-se nestes momentos.
Poderia aprender, que nada, nada é perfeito, e que são os momentos de felicidade que contam, não os ruins, nem o passado, e muito menos o futuro. Não se deve deperdiçar estes momentos, porque não voltam. Mas sim, construir novos, e não esperar por eles.
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