Era uma vez um guarda-chuva....


O guarda chuva é algo mágico, que serve para muito mais que nos proteger da chuva(...)


Seja num desenho, na ficção ou num terreno fértil de criatividade, o guarda-chuva guarda além da chuva, os nossos segredos e mistérios tantos, que cabem perfeitamente embaixo dele.


Você conta seus segredos para qualquer um?


Você abriga qualquer um sob seu guarda-chuva?


Bem Vindos ao My Umbrella...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pego emprestadas as palavras de Fernanda Martinez:


Quantas vezes as coisas precisariam se destruir para que eu finalmente conseguisse mudar? Quantas vezes eu precisaria ver meus sonhos morrerem para finalmente conseguir alcança-los?


UTI

É como estou neste momento. Em processo de terapia intensiva. Houve um apagão em mim. Durante todo este tempo, sem escrever, sem ler, sem conversar com os poucos amigos que me restaram, entrei em mim tranquei a porta e acho que engoli a chave.

Não que eu não quisesse ver ninguém. Não que eu não precisasse. Mas eu via que uma onda gigantesca estava chegando, tentava de tudo para impedi-la. E quando ela chegava, porque foram muito mais de uma, eu me preocupava apenas em secar tudo, incluindo as lágrimas. Eu tentei pedir abrigo várias vezes, algumas eu consegui, em outras eu fui expulsa.

No fim, eu não sei te dizer o que consegui ao final das tempestades. Não sei se consegui o aprendizado que posso levar até o fim da vida sobre os homens. Não sei se consegui ser mais forte. Nem posso me dar consolo acreditando que tudo o que fiz não foi em vão.

Posso te dizer que conheci muitas pessoas no caminho. Ganhei algumas em quem confiar, descobri que julgo as coisas muito mais do que pensava fazer. Também salvei a vida de uma pessoa e ajudei mais algumas e posso sorrir por isso. Fui em festas, enchi a cara, tive meu segundo p.t. e perdi um pouco a vergonha de dançar na frente de amigos. Me diverti muito, me expus muito, fiquei livre para pôr meu lado retardado pra fora, sem culpa.

Cuidei de uma pessoa como se ela precisasse de mim mais que tudo. Passei por cima do que podia e do que não devia. Ignorei meus próprios avisos, porque pensei: não, desta vez é diferente, não tem problema se eu fizer isso. Engano meu. Mas eu não achava estar fazendo nada errado, afinal eu estava apenas amando. Dei atenção às pessoas erradas e maltratei às certas. Deixei magoar as pessoas que me amam incondicionalmente para amar aquelas que poderiam me tratar como só mais uma. Mas sei que isso é do ser humano. Não percebi que passei dos limites e até este momento eu posso dizer que não sei o limite do que se pode ou não fazer por amor.

Mas sei de uma coisa:
- Você não me valoriza. Não percebe que sou eu, a G. que está ao seu lado!
- Eu te valorizo sim, mas eu valorizo muito mais à quem se dá valor.

Alguma coisa ricocheteou dentro de mim. Tenho certeza que ouvi um eco lá no fundo, até minhas mãos ficaram moles.

Então significa que tudo o que eu fiz foi errado?
Significa.
Significa que quando eu abracei aquele que me deu as costas, que quando eu sufoquei a minha tristeza pra dar colo, tentando fazer melhorar o ódio ou acalmar o choro, eu fiz errado?
Significa.

Significa que, por mais triste que eu estivesse, e por mais que a minha cura estivesse nas mãos daquele que me rejeitava, não importava a distância, nem a hora, eu devia ter colocado meus tênis e ido embora.

Há muito tempo atrás era exatamente o que eu fazia, diante de outra pessoa. Eu rejeitava qualquer toque, calçava os sapatos e ia. Por mais que ao chegar em casa eu desabasse, sem saber ou ter o que fazer. Por mais solitária e sem recursos que eu tivesse.

Hoje eu tentei fazer diferente. Tentei abrir os braços ao invés de me afastar. Tentei engolir a mágoa pra acalentar o causador dela. Tentei amenizar brigas que eu tinha "causado". E eu fui rejeitada. Maltratada. Isso pode-se resumir em humilhação, dá na mesma. Ouvi muito absurdo, engoli ofensas. Sempre tentando manter calados os gritos, palavrões e ofensas, porque ao contrário dele eu sabia: palavras não voltam. Eu permaneci, porque desta vez eu queria fazer diferente. E para essa pessoa, não fazia diferença.

Minha inteligência foi testada mais uma vez. Meu amor foi amassado e jogado de um lado à outro, cada vez diminuindo, criando ruídos. Até chegar a não sei mais. Não sei mais responder o que é. Se é amor se é revolta se é confiança se é carência se é um gostar.
Meu sentimento resume-se a uma chama tremeluzente.

Cada palavra sua é uma ferida sendo tocada. Neste momento, eu não sei o que é melhor para os dois, mas sei o que é melhor para mim. Esquecer todas as mágoas, estar de coração e cabeça limpos para a vida, para todas as outras pessoas e isso inclui você.

E para esquecer eu vou precisar relembrar, contar e recontar, mastigar e remoer, até que tudo se dissolva de preferência não mais em meu estômago.
E por isso eu retorno á este blog. E àqueles em quem confio. Para falar disso até a última palavra, até que meus lábios e dedos se cansem, ou até mesmo que os ouvidos sangrem. E assim ser eu, feliz como estava quando você me conheceu.

Esta é minha forma de esgotar a tristeza e me livrar das mágoas, sem esquecer do que me foi feito, para não cometer sempre os mesmos erros. Porque eu esqueço mesmo e perdoar não significa esquecer.