Uma vez me disseram
de maneira bem ofensiva
que eu gosto de me jogar na lama
Numa determinada noite
em que não havia lua no céu
apenas orvalho frio e escuridão
me puxaram, me empurraram
para a terra úmida sob a madrugada
o céu claro, azul, anunciando o amanhecer
Nosso jogo de pega pega
que termina num pedido e numa entrega
meus olhos de entrega
e você tomando para si o que já era seu
Naquele lugar mágico,
tudo era incrivelmente mágico
o cheiro da chuva, o cheiro da grama molhada
a terra presa entre as minhas unhas, que arranhavam o chão
Rolei na terra
Sujei todo o meu corpo, todo
deixei seu cabelo sujo e bagunçado
com a força e a delicadeza dos meus dedos
Sou o barco sem cordas que me prendam ao cais
e você a onda suave que me afasta delicadamente
para depois arrebatar meu caminho com avidez
Ainda sinto o cheiro molhado do seu rosto
e o carinho malicioso das suas mãos
Vejo nitidamenete a cor dos seus olhos
mesmo naquela meia luz amarelada de um poste distante
Ouço a sua voz sussurrando
e os risos e silhuetas alheios, as testemunhas
e continuo revivendo aquele sonho
Uma loucura
eu sou assim
de fazer loucuras
por amor
com amor
por cima e por baixo
eu sou assim
e faria muito mais
E no fim o gosto de ser jogada ou me jogar na lama
pode ser muito prazeiroso
E muito mais,
se você me puxar novamente.
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